sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Entrevista: Wado

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Conquistando seu merecido espaço na música brasileira e destruindo conceitos pré-estabelecidos, o músico Wado, via e-mail, concedeu-me uma entrevista sobre os rumos de sua carreira e o novo disco, "Atlântico Negro".

1-Olá Wado, pra começar gostaria de saber um pouco sobre o ínício de sua carreira.

Comecei a compor ainda adolescente, aqui em Maceió, junto com um amigo chamado Glauber Xavier. Alguns anos mais tarde, no dia que me formei em jornalismo, comprei uma passagem de ônibus para o Rio de Janeiro, fui tentar a música e morar com minha namorada na Cidade Maravilhosa. Depois de algum tempo e perrengues, consegui um contrato com a Dubas Música, de Ronaldo Bastos. Fiquei indo e vindo, entre SP/RJ/AL, até que em 2004 fui morar no RJ e lá fiquei por 2 anos e meio. Depois passei um ano em SP e faz três anos que voltei a morar em Maceió. Nesse tempo tenho trabalhado com outras coisas além de música, como produção cultural, de eventos e jornalismo.

2-Quais são as suas expectativas quanto ao novo álbum, "Atlântico Negro"?

Não sei como as pessoas irão receber estes afoxés, apesar do disco ser bastante palatável no meu entender, o afoxé é um gênero um tanto estigmatizado. Espero que as pessoas se divirtam com o disco e me chamem pra tocar em outros estados, esta é minha grande diversão.

3-"Atlântico Negro" têm uma forte presença da cultura afro, dá onde veio isso? Das experiências cotidianas de Maceió, por exemplo, ou da ideia de miscigenação tão presente no Brasil?

Acho que mais do que qualquer coisa, vem da música mesmo. Dos primeiros discos de Moraes Moreira de 79 e 80, dos afoxés de Caetano, da Margareth, do Davi Moraes, do Carlinhos Brown e da Ivete. Me diverti muito estes últimos tempos com esse tipo de informação. Tem também este lado afetivo de lembrar de alguns trios elétricos que eu ia assistir nas periferias de Maceió, essa cultura pegou muito no Nordeste todo.

4-Qual a diferença marcante em relação aos quatros discos anteriores? Algumas críticas elogiaram o tom mais "alegre" e menos melancólico. Qual sua opinião sobre essa visão do seu trabalho?

Acho bom que seja um disco mais feliz. Tenho evitado fazer discos tristes, porque mesmo assim as pessoas enxergam uma melancolia no meu trabalho, que eu acho que deva existir mesmo. Qualquer hora vai sair um disco tristão de samba, eu acho, para dar vazão à umas coisas dessa natureza.

5-Essa pergunta é um pouco clichê, mas é importante. Qual o valor da internet para sua carreira?

A internet viabiliza a maior parte da minha carreira, desde distribuição até a venda de shows. Se não fosse isso estaria alguns degraus abaixo nessa pequena construção.

6-Pra encerrar, gostaria de saber as metas de Wado daqui em diante.

Trabalhar este disco da melhor forma possível, tocar o máximo que puder, ganhar algum dinheiro e continuar compondo e lançando discos. O Fábio Trummer, do Eddie, dizia uma coisa que concordo, algo do tipo, "quando a obra for tamanha será natural que ela se expanda e conquiste seu espaço". Temos de continuar fazendo isso.


Mais informações e para ouvir Wado:
http://www.myspace.com/wwwado

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Resenha: Invasão Pernambucana

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Zeca Viana

Todo músico que se preze sabe que tocar numa insólita e fria quarta-feira, ou num domingo nublado ou chuvoso, é um tanto indigesto. Contudo, subir no palco sempre é sagrado e satisfaz quem toca com amor e por amor à música.
Então na última quarta-feira lá fui eu assistir o show, "A invasão pernambuca", na Livraria da esquina, na Barra Funda. A atração principal era a galera do Nuda, antes tocavam Zeca Viana e Lulina. Confesso que estava frio, mas pra mim nem tanto. Já pros pernambucanos, provavelmente, estava de lascar.
Nessa típica noite paulistana, o já radicado em SP, Zeca Viana, foi o primeiro a subir no palco, apenas ele e o violão. Zeca estava estreiando sua carreira solo-paralelamente o músico segura a bronca na bateria da Volver-e seu elogiado, "Seres invisíveis", apontado como um dos melhores do ano pelo site "Tramavirtual". Apesar de sua experiência musical, o músico demonstrou um certo acanhamento inicial, mas aos poucos foi se soltando. Gostei bastante da música "Tom & Jerry" que o artista faz uma brincadeira em torno de Tom Jobim e Jerry Lewis. Zeca Viana têm tudo pra crescer musicalmente, uma prova disso é a música, "A torneira (Quanto tempo faz?)", bem melodiosa e que faz parte do "bonus track" do álbum.
http://www.spsonica.com/fotos/medias/lulina.jpgLulina
Após Viana, Lulina e sua banda estraçalharam corações com um repertório melodrámatico e ao mesmo tempo feliz, retratado fielmente na "frontwoman" Lulina. Também radicada na babilônica metrópole paulistana, a pernambucana surprendeu com a criativa, "Balada do Paulista", contrastando com a melancólica, "Do you remember Laura". O timbre da garota é semelhante ao de Fernanda Takai, versão nordestina, mas isso não é determinante na melodia. O carisma de Lulina é contagiante, entretanto considero um som de final de tarde ensolarado e solitário.
Após Lulina, a banda Nuda estava pronta pra encerrar a noite. Com um repertório mais rockeiro e ao mesmo tempo com uma pegada MPB, a banda fez a festa dos que restaram no recinto. Mesmo com o público um pouco reduzido, destilou energia e demostrou satisfação ao tocar mais uma vez por São Paulo. Mesclando músicas novas e do EP, "Menos cor, mais quem", a Nuda fez, com certeza absoluta, o som mais barulhento e com maior presença de palco. Cabe ressaltar o diferencial da percussão no som da Nuda, que mexe com a atmosfera da música. Destaque pras novas músicas, "Samba de palheta", e uma música interessantíssima sobre o caminho até uma praia pernambucana chamada Gualhetas. Um show ótimo pra conhecer o que está por vir no próximo álbum. As gravações estão previstas pra começar em breve. Mais resenhas nos próximos posts.
http://www.musicarecife.com/midias.arquivos/Nuda_cha.jpgNuda
Zeca Viana-http://www.myspace.com/zecaviana
Lulina-http://www.myspace.com/lulina
Nuda-http://www.myspace.com/sitionuda

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Macaco Bong

São tempos de falar de Obama, fora Sarney e aquecimento global. Corrupção não merece mais ser falado aqui. Discurso político sim, mas sempre com música na veia. A desilusão é tanta, o modismo da revolta também, por isso às vezes é melhor dar uma respirada e escrever sobre o que importa. Música, música e mais: música. Outros assuntos não serão esquecidos-vide bicicletas, civismo e digressões- , entretanto o foco é a música.

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"O Macaco Bong nasceu em Cuiabá (MT) no ano de 2004 como um quarteto de rock instrumental" Tramavirtual Macaco Bong.
Pela definição já fica fácil saber por que a banda guarda coisas peculiares: já no nome curioso fiquei com vontade de escutar a melodia; é rock instrumental na era de músicas com refrões goma de mascar; está fora do eixo Rio-SP-Brasília-Porto-Alegre. Conterrâneos do Vanguart, o Macaco Bong está trabalhando que nem peão em prol da boa música, além de praticar o "make yourself". Não é à toa que o nome do álbum deles é "Artista igual pedreiro". Além do talento, têm o trabalho envolvido. O resultado é de arrepiar, como num show que fizeram no centro antigo de Recife-você aqui de novo- no meio do povo e na chuva. Detalhe: todo mundo se molhando, inclusive o power trio mais talentoso do centro-oeste. Pra ouvir descendo a serra rumo ao litoral.
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Listening Macaco Bong:
http://www.myspace.com/macacobong